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terça-feira, 2 de julho de 2013

Hoje vou tocar uma música pra você dormir, composta pelas notas tortas de um piano velho e desafinado. Você vai adormecer no sofá, com a cabeça apoiada no meu colo enquanto eu lhe acaricio os cabelos. Você é tão lindo dormindo que até mesmo o querubim mais belo tem vergonha de ficar ao seu lado. Enquanto você respira calmamente minha mente trabalha cada traço seu, compondo uma pintura digna de alguns bilhões na qual eu e você rimos de algo sentados na mesa da sala comendo algo que eu preparei. Me pergunto se você estaria sonhando comigo e num lapso, meus lábios se abrem num sorriso pelo fato de ter você comigo. Neste momento o pensamento de que não há nada que eu não faria por você me ocorre. Você se remexe, tentando arrumar uma posição melhor no minúsculo sofá que não consegue envolver todos os seus 195 centímentros. Eu abafo uma risada, a mesma que você acha graça. Eu sei que o seu dia foi longo mas me conforta poder te ter nos meus braços no fim de tudo. Apesar de não poder fazer muita coisa para fechar as feridas semi-abertas, meu coração sangra, apelando por qualquer ideia  louca que meu cérebro possa ter para conseguir colocar um sorriso no seu rosto. O sorriso que eu tanto amo e que poderia ficar olhando pelo resto da eternidade. Eu imagino o quanto você está cansado e meu sorriso desaparece, dando lugar a preocupação. Eu e toda minha pequenez não conseguimos abraçar você o suficiente pra te proteger do mundo. E eu peço desculpas, meu amor. Peço desculpas por não poder lhe proteger de toda e qualquer coisa que possa lhe causar qualquer tipo de dor. A verdade que meu amor é grande o suficiente para ser maior do que eu e ele te embalará nas noites mais tempestuosas de nossas vidas. Acredite quando te digo que eu preciso de você no que me resta de para sempre. Você foi o melhor acaso que já me aconteceu, meu melhor presente, a melhor surpresa e eu sou egoísta demais para lhe permitir que parta. Meu coração precisa de sua outra metade, que agora bate calorosa no seu peito. Ele clama por isso, desesperado e aflito a cada vez que me vejo longe de ti. Hoje, meu amor, lhe tocarei ao piano uma musica composta de notas tortas. Um grito agoniado que se esvai pelos meus dedos por não poder te proteger do mundo, uma reza desesperada para que sua dor seja transferida para mim, um canto de amor e desejo por ti, uma canção simples e sem melodia, composta apenas pelo silêncio da sua respiração no minúsculo sofá desse nosso apartamento.

sábado, 15 de junho de 2013

É engraçado porque eu olho as fotos na estante e elas são geladas comigo. Eu me abraço e fecho os olhos, tentando me convencer em vão que são seus braços que me envolvem. A dor me atinge como um soco no estomago quando eu vejo que você não está ali. Talvez nem eu esteja, eu fui com você, você só deixou pra trás vácuo. Um vácuo que nada nem ninguém preenche. Eu juro que eu tento, mas a vontade de chorar é mais forte que eu. A dor na barriga toma conta de mim toda e eu me encolho, machucada, abatida, sem mais nada. Eu sou como um suicida que beira o penhasco, esperando o beijo gélido da morte. Eu corro por labaredas que parecem não ter um fim. Elas me queimam e queimam e queimam, me consomem por inteiro sem piedade. Eu sinto falta de tudo em você, da sua boca na minha, do seu sorriso, do seu aperto, do seu toque, do seu cheiro... Então como você pôde fazer o que fez comigo? Como pôde quebrar todas as promessas que havia feito? Eu ainda olho o celular esperando ele vibrar com uma mensagem sua, ainda checo o email para ver se tem algo seu, ainda conto as horas pra saber se vou te ver. Mas minha espera é em vão, porque eu sei que você embarcou num trem que só vai... E nunca volta.
E a gente ta naquele bar
eu não sei mais o que te falar.
Eu não vejo seus olhos
eles fogem de mim
Distantes, ausentes
seu pensamento também
Voa além, disperso, reverso
Me assusto
Seria muito estranho se eu te pedisse atenção?
Seria?
Parecemos dois estranhos
alheios um ao outro
será?
Não quero crer
Espirro, suspiro, tosse
Você acende um cigarro
eu bocejo ao seu lado
Quero colo
Sua cama
Você não liga
Desvia
Eu me encolho
É frio
Você levanta
Nem um pio
Me olha
Sorri
Eu devolvo
Eu sei o que você pensa
Você não sabe que sei
Talvez eu esqueça
Mas devo dizer
Que eu de todas as formas
Amo você

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Talvez você não me ame tanto quanto achou que amava, talvez foi tudo uma ilusão imbecil da minha cabeça. Mas me desculpe por não conseguir falar sobre isso com você, desculpe porque doi muito mais em mim. Eu sinto que to te perdendo aos poucos, que a cada segundo você solta mais minha mao, liga menos, sente menos... Eu não quero duvidar de você, mas se você ama mesmo algo, você não se cansa daquilo. Eu sinto muito mas acho que não consigo mais continuar. Já ta doendo muito, não tem mais nada em mim que possa morrer porque tudo que ainda restava, ja se foi. E você me deu esperanças, me fez acreditar que seria diferente, fez eu me apaixonar por você pela primeira vez. E eu cai, cai e acreditei no seu feitiço, porque de certa forma você é perfeito, mas talvez não seja tao perfeito pra mim.

sábado, 8 de junho de 2013

Querido você, não espero que se importe com meu desabafo. Na verdade, não espero que leia essa carta melancólica que escrevo sobre a minha própria dor. O fato é que não sei mais como lidar com ela. Minha alma se fragmenta cada vez mais a cada novo passo errado que eu dou. Quem eu acho que vai me fazer bem, me mata aos poucos. Eu caminho na rua me segurando porque eu sei que se eu soltar, não chego inteira em casa. Além das rachaduras existem os buracos. Não. Existe O buraco. O buraco que ele deixou quando resolveu seguir um caminho próprio diferente do meu. O buraco inflamado que transformou o que ainda resta de mim num vácuo sem fim. Honestamente, eu sei que não existe volta pra minha condição atual. Sei que, de uma forma ou de outra, esse buraco só vai aumentar até não existir mais nada em mim. E ai, eu serei atravessável o suficiente para pessoas passarem por minha vida sem que eu sinta qualquer coisa. A dor é dilacerante, cortante, agonizante e não perdoa. Ela não te deixa descansar, mudar de posição para um sono pesado. Não deixa que você se encaixe em alguém e vice-versa. Ela te isola e constrõe barreiras intransponíveis ao seu redor. Ela te mata, maltrata, esfola. Nem morfina faz com que ela passe. E, acreditem quando vos digo que a dor da perda é a pior que pode existir. Aquela sensação de ter e não ter mais logo depois. De estar se acostumando com a temperatura da pele, com a intensidade dos lábios e no próximo segundo agarrar o ar e cair de cara no chão. Eu não espero que entenda, até porque não acho que já tenha sentido algo assim na vida. Se sentiu, eu sinto por você, de coração. Seja você quem for, minha compaixão é sua. Não desejo esse tipo de sentimento a ninguém, nem um inimigo. Não desejo isso nem a ele, como vingança por ter ido embora. Se foi, foi porque dei motivos. Eu não implorei o suficiente para que ficasse ou não chorei lágrimas genuínas o suficiente para que ele acreditasse que eram reais. Eu nunca havia amado antes e a sensação de ir perdendo ele aos poucos foi a pior que eu poderia sentir. Era como se nossa relação tivesse um câncer e eu soubesse que aos poucos, ele ia nos matar. Ou melhor, me matar. E eu deixei. Eu alimentei-o com o veneno mais puro e com a carne mais podre. Eu permiti isso. Ele lutou comigo, mas nem toda batalha pode ser ganha. Eu me retiro do campo de batalha agora, não porque desisti, mas porque não resta mais nada para lutar em meu lugar. Meu coração seguiu ele e me deixou aqui, sozinha, sem nenhuma música ritimada para acalmar meu tormento agoniado.