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sábado, 8 de junho de 2013

Querido você, não espero que se importe com meu desabafo. Na verdade, não espero que leia essa carta melancólica que escrevo sobre a minha própria dor. O fato é que não sei mais como lidar com ela. Minha alma se fragmenta cada vez mais a cada novo passo errado que eu dou. Quem eu acho que vai me fazer bem, me mata aos poucos. Eu caminho na rua me segurando porque eu sei que se eu soltar, não chego inteira em casa. Além das rachaduras existem os buracos. Não. Existe O buraco. O buraco que ele deixou quando resolveu seguir um caminho próprio diferente do meu. O buraco inflamado que transformou o que ainda resta de mim num vácuo sem fim. Honestamente, eu sei que não existe volta pra minha condição atual. Sei que, de uma forma ou de outra, esse buraco só vai aumentar até não existir mais nada em mim. E ai, eu serei atravessável o suficiente para pessoas passarem por minha vida sem que eu sinta qualquer coisa. A dor é dilacerante, cortante, agonizante e não perdoa. Ela não te deixa descansar, mudar de posição para um sono pesado. Não deixa que você se encaixe em alguém e vice-versa. Ela te isola e constrõe barreiras intransponíveis ao seu redor. Ela te mata, maltrata, esfola. Nem morfina faz com que ela passe. E, acreditem quando vos digo que a dor da perda é a pior que pode existir. Aquela sensação de ter e não ter mais logo depois. De estar se acostumando com a temperatura da pele, com a intensidade dos lábios e no próximo segundo agarrar o ar e cair de cara no chão. Eu não espero que entenda, até porque não acho que já tenha sentido algo assim na vida. Se sentiu, eu sinto por você, de coração. Seja você quem for, minha compaixão é sua. Não desejo esse tipo de sentimento a ninguém, nem um inimigo. Não desejo isso nem a ele, como vingança por ter ido embora. Se foi, foi porque dei motivos. Eu não implorei o suficiente para que ficasse ou não chorei lágrimas genuínas o suficiente para que ele acreditasse que eram reais. Eu nunca havia amado antes e a sensação de ir perdendo ele aos poucos foi a pior que eu poderia sentir. Era como se nossa relação tivesse um câncer e eu soubesse que aos poucos, ele ia nos matar. Ou melhor, me matar. E eu deixei. Eu alimentei-o com o veneno mais puro e com a carne mais podre. Eu permiti isso. Ele lutou comigo, mas nem toda batalha pode ser ganha. Eu me retiro do campo de batalha agora, não porque desisti, mas porque não resta mais nada para lutar em meu lugar. Meu coração seguiu ele e me deixou aqui, sozinha, sem nenhuma música ritimada para acalmar meu tormento agoniado.

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